Entrevistas
Manuel Botelho
Botelho nasceu em Lisboa, Portugal.
Estudou arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa de 1968-76, e pintura na Byam Shaw School of Art (1983-85) e na Slade School of Fine Art (1985-87), Londres. Em 2005, realizou uma exposição retrospectiva no Centro de Arte Moderna, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
O trabalho de Botelho sempre se preocupou com o domínio sócio-político, e as suas colagens de 1969 concentraram-se nas revoltas de Maio de 1968 em Paris e na Guerra do Vietname.
As suas obras do início dos anos 80 estavam frequentemente intimamente ligadas à sua própria vida, falando de perda ou separação. Simultaneamente, procurou as suas raízes no passado, e viu-se a reflectir sobre como o presente parecia assombrado pelas memórias de 41 anos de opressão (a ditadura de Salazar e Caetano - 1933-1974).
Em 2006 "recorreu a um novo meio, a fotografia, para construir um corpo de trabalho que, no entanto, reflecte as principais características da sua prática: análise de questões históricas, referências à tradição pictórica ocidental, e figuração como assinatura estilística".
Os seus trabalhos 2011-12 incluem peças 3D em grande escala feitas com panos de tenda de campanha e a instalação sonora "Cartas de Amor e Saudade", baseada nas cartas trocadas entre um soldado da Guiné portuguesa e a sua namorada em Lisboa: "soando como uma novela de rádio o texto localiza-nos no tempo e no espaço, mostrando-nos a dimensão dos sentimentos: Portugal e a Guiné, década de 60 e Guerra Colonial, amor e morte, ciúmes e esperança".
A arte, para mim, foi sempre uma forma de falar sobre as coisas da vida. Nunca fiz trabalhos abstractos, nunca os consegui fazer. Nunca me interessei em fazer qualquer obra de arte que fosse completamente autónoma da realidade.
Manuel Botelho